O inicio da colonização, eram três as nossas Capitanias: a da Bahia, a de Ilhéus e a de Porto Seguro, que se constituíam em verdadeiros latifúndios, onde funcionavam justiça própria e arrecadação de tributos feitos pelos donatários.
Devido as naturais dificuldades e temendo um fragoroso fracasso, D. João III reduziu os raios de ação a pequenos núcleos que mesmo assim foram se desenvolvendo com lentidão, e muitas outras praticamente desapareceram, em decorrência de ataques de Íncolas, ou então, conforme sabemos, de invasores estrangeiros, notadamente holandeses e franceses.
Foi a partir da criação da Província da Bahia, tendo Salvador como sede do Governo Geral do Brasil, e como primeiro mandatário, conforme sabemos, Thomé de Souza, que a vida municipal propriamente dita começou, havendo sido solenemente instalada a cidade de Salvador no dia 13 de junho de 1749. Foi portanto, Salvador, o primeiro município brasileiro. Naqueles tempos, existiam apenas as Vilas de Ilhéus e Porto Seguro, e diversos focos de povoamento ao longo da costa baiana.
A colonização das terras fertilíssimas e mais produtores de cana de açúcar, foi se estendendo, mais notadamente nas margens dos rios navegáveis como o Paraguaçu por exemplo, onde se situavam as terras da antiga Capitania de Antonio Dias Adorno, onde abriam estradas e onde surgiram as povoações de Cachoeira, do seu lado Ocidental, São Félix, e subindo um pouco mais, Muritiba, que nasceu sob a invocação de São Pedro Velho do Monte da Muritiba, cuja freguesia foi criada em 1705 por Sebastião Monteiro de Vide, 5º Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil
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Qual a origem do nome Muritiba ? É um questionamento que muitos já fizeram.
Segundo o ilustre muritibano Anfilôfio de Castro,( no registro do seu nascimento, na grafia antiga aparece como Amphilophio Fernando de Castro ) no livro História e Estrela de Muritiba, o nome se originou por causa de existência, em abundância naquela época, de uma palmeira chamada Boritiba, redundando-se na corruptela Moritiba ou Muritiba, conforme grafamos atualmente.
Essa espécie de palmeira, acrescentamos, é encontrada desde o Pará até São Paulo, onde é chamada de buritizeiro, muriti, muruti e pissandó. Desconhecemos porque ficou praticamente extinta entre nós e realmente a tese de Anfilófio é verdadeira.
Conta-nos, entretanto o renomado antropólogo indianista santamarense Theodoro Sampaio, no seu precioso livro O Tupi na Geografia Nacional, que o nome Muritiba é a variação deturpada do vocábulo indígena merutyba, que traduzindo para o vernáculo quer dizer, o mosqueiro, mosca em abundância. Aliás, esta última versão é a que vingou pois quando da promulgação da Lei Municipal nº 100 de 01/07/1955 pelo então Prefeito Dr. Waldir Almeida, que criava o Brasão e Armas da Cidade, encimado ao dístico latino ASCENDIT FUNMUS AROMATUM, - subir o odor do aroma -, numa alusão ao plantio do fumo como fator preponderante da economia muritibana, temos, quatro (4) torreões num escudo azul semeado de moscas de prata, não como símbolo de sujeira, de imundície, como pode facilmente ser confundido mas, como prova requívoca da fertilidade do solo muritibano e a abundância de fruteiras, destacando-se ai a famosa, nutriente e injustiçada jaca, cujo fruto, não obstante o aspecto grosseiro, possui enorme valor protéico.
O tráfico do ouro , o comercio do açúcar – depois o círculo do tabaco -, que transformou a Cachoeira num formidável entreposto comercial, sendo, portanto, elevada à categoria de Vila nos idos de 1699.
Em 1823, no ano dos combates épicos do 2 de Julho, quando estiveram empenhados nas lutas significativo número de muritibanos, destacando-se entre esses o denodado Major José Antonio da Silva Castro, o Periquitão, pai de D. Clélia, mãe do Poeta Castro Alves, naquele ano, repetimos, a Bahia possuía apenas 31 municípios, destacando-se no Recôncavo, além da Cachoeira, Maragojipe, Santo Amaro e São Francisco.
Quando era Governador da Bahia o Dr. Antonio Muniz de Aragão, a Muritiba passou à Categoria de Vila, mediante Lei nº 1.349 de 8 de agosto de 1919. Três anos depois, no governo do Dr. José Joaquim Seabra, coincidentemente no mesmo mês agosto, no dia 3 do ano de 1922, através da Lei nº 1.652, a Muritiba era elevada a categoria de cidade e possuía, segundo o IBGE, 21.350 habitantes, enquanto São Félix, da qual foi emancipada, possuía 12.723 habitantes.